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Ele é de exatas, mas não sabe contar.

Ele parado na janela, com cara de bobo, como se tivesse muito a dizer. Nunca tem, mas gostaria de ter. Já faz tanto tempo que não sabe como é abraça-lo, talvez não faça falta. É a falta do abraço, não da pessoa em questão. 
Ele foi brisa boa, num inverno congelante foi o que a manteve quentinha, que a fez arder em chamas e trouxe à tona o pior dela. Foi capacho pra limpar a sujeira que ela trouxe consigo e foi a sujeira mais triste de limpar. Tudo e nada. Nunca pensou que esse cabelo desgrenhado, que não sabe se vai ou se fica, que traz à moça uma lembrança boa de criança, nunca pensou que esse cabelo jogado, todo errado, fosse errar nela. Ainda bem! Errar é aproximar-se dos acertos.
E que se aproximem os planetas, se homens são de Marte e mulheres de Vênus, porque nunca vi um querer tão grande em ter alguém por perto. Que com um pulinho possam estar juntos e com outro pulinho, poft! Realidade bate à porta e o homem foge. Foge, porque há uma dificuldade quase poética em sustentar um olhar, um sorriso, quanto mais um apaixonar. 
Ela não sabe ser a mulher para ele e vice-versa. Até aí eles se completam. Ele não sabe a cor predileta, a banda e muito menos sabe que ela só tem olhos pra ele. 
Ela escolhe ele como companhia na sexta-feira - com intenção de tê-lo no domingo-, ele que lhe sorri como se fosse uma honra e vai embora, honrado, mas sem coragem de ser o cara por quem ela se apaixonou.
Ela incapaz de entender o que acontece deixa a vida lhe proporcionar encontros, pois a vida sempre surpreende. E, quem sabe, alguém cruze seu caminho? O rapaz não conta com isso. Embora ele seja de exatas, dessa vez ele não sabe contar. 

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